SWING
Casa de swing, quarto do tatame coletivo, meia luz, um monte de gente nua, em pleno ato e gemendo.
Ele sentiu uma cutucada. E por estar onde estava, logo olhou na direção do que o cutucava. Era um dedo. Ufa!
E o dedo era do Oliveira da contabilidade que, num contraste com o local, estava completamente vestido. Camisa social, calça vincada, uma gravata listrada e um sorriso no rosto.
Ele sentiu uma cutucada. E por estar onde estava, logo olhou na direção do que o cutucava. Era um dedo. Ufa!
E o dedo era do Oliveira da contabilidade que, num contraste com o local, estava completamente vestido. Camisa social, calça vincada, uma gravata listrada e um sorriso no rosto.
- Eu sabia que era o senhor, seu Flávio. Eu sabia! – O Oliveira tinha no rosto uma expressão de quem descobrira a pólvora.
São poucas as opções numa situação desta. Flávio podia fingir que não era ele. Mas ali, pelado, em meio ao coito, era muita cara de pau se fazer passar por outra pessoa.
Fingiu naturalidade, como se fosse um encontro casual na rua e sorriu para o Oliveira.
- Tudo bem, Oliveira?
- Tudo certo, Seu Flávio!
Os dois ficaram se entreolhando por um tempo. Flávio tentou continuar concentrado no que fazia, mas com o Oliveira ali, encarando, se sentiu meio nu.
- Posso ajudar em alguma coisa, Oliveira? – Temperou as palavras com alguma impaciência.
- Oh! Não... Desculpe seu Flávio... Só estou esperando minha mulher... Só isso.
E Oliveira continuou sorrindo com cara de bom moço enquanto Flávio fazia o possível para não perder a concentração e rigidez. Afinal, não era todo dia que ele encontrava uma mulher como aquela no clube. Negra, poderosa, linda. Foi tesão a primeira vista. E Flávio sentia que estava quase lá, quase terminando, quase... Quase...
- Ah, que grosseria a minha. Nem apresentei vocês! – O Oliveira tocou no ombro da mulher com que Flávio, digamos, se relacionava. – Marluce, este é o Seu Flávio... Vice-presidente lá da empresa...
Marluce, olhou para trás, por cima dos ombros e sem perder o ritmo respondeu com um sorriso maroto:
- Prazer... – Disse ela quase miando.
- Ô! – Disse Flávio voltando a ganhar fôlego.
O suor pingava.
O suor pingava.
- Bacana o lugar aqui não é? – Pois é. O Oliveira queria assunto.
- Hum, hum... – Disse ele ali, ainda nos trabalhos.
- É a nossa primeira vez, né Marluce?
- Hum, hum... – Respondeu ela, ainda nos trabalhos.
- O senhor veio sozinho ou a patroa está por aí?
- Sim, vim... com... a minha...
- Eu a conheci na festa de fim de ano, lembra? Dona... Dona...
- Marly! Hummmm...
- Isso! Tava aqui na ponta da língua!
Oliveira se calou por um segundo e Flávio achou que estava livre dele.
- Um primo meu é segurança... Arrumou pra gente vir! – Oliveira esticou o pescoço, olhando em volta, como se procurasse alguém. – Olha ele ali com sua esposa, Seu Flávio!
Ele olhou na direção de um bolo de umas três ou quatro pessoas. No meio pôde reconheceu sua esposa.
- É aquele fortinho ali... Aquele que puxou o cabelo dela! Dá-lhe Dona Marly!
De lá de onde estava Dona Marly se desvencilhou um pouco do musculoso que puxava seus cabelos e retribuiu com um tchauzinho agradecendo a saudação de Oliveira.
Flavio viu quando Oliveira gargalhou e na empolgação deu um tapinha em sua bunda nua.
Flavio viu quando Oliveira gargalhou e na empolgação deu um tapinha em sua bunda nua.
Um tapa seco, rápido, descompromissado, cúmplice.
Naquele exato momento algo aconteceu.
Uma vibração, um êxtase, um orgasmo como nunca havia vislumbrado antes. Soltou um uivo e um grito. Algo preso em seu peito queria sair, voar, voar e voar.
Ele olhou para trás e Oliveira estava lá, impávido, sorridente, com aquela cara de “estou sempre a seu dispor”. Ele nem notou quando Marluce o beijou nos lábios, já de roupa trocada e puxou Oliveira pela mão para a porta de saída.
Uma vibração, um êxtase, um orgasmo como nunca havia vislumbrado antes. Soltou um uivo e um grito. Algo preso em seu peito queria sair, voar, voar e voar.
Ele olhou para trás e Oliveira estava lá, impávido, sorridente, com aquela cara de “estou sempre a seu dispor”. Ele nem notou quando Marluce o beijou nos lábios, já de roupa trocada e puxou Oliveira pela mão para a porta de saída.
- Desculpa a presssa, Seu Flávio... É que a gente mora longe!
Os dois saíram deixando um Flávio sem direção, ali no meio daquele povo gemendo.
Os dois saíram deixando um Flávio sem direção, ali no meio daquele povo gemendo.
Na segunda, a primeira coisa que ele fez ao chegar no escritório foi demitir Oliveira.
Aquele cara o deixava confuso demais.
Aquele cara o deixava confuso demais.
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