A Pessoa É Para O Que Nasce...

Tem dias que não escrevo.
Nada.
Nem um roteiro, um xiste, uma mentira, um causo.
Tenho andado cheio de idéias para contos, poemas, crônicas, mas elas não fecham, não acabam, não tem fim.
Um pouco como esta história do Gênio, que parece uma auto-referência (não no que se trata de gênio, mas na parte do ombudsman).
A gente escreve e se torna mais crítico. Mais cítrico. Mais ácido.
E tô com a tela do computador lotado de bloco de notas, com rascunhos, linhas e idéias soltas.
Lembrei então das minhas últimas viagens, que resolvi registrar em vídeo cada nova cidade que conhecesse.
Pois bem.
Ficaram aqueles avis, ali soltos no hd, sem pai nem mãe, tadinhos, sem sequencia, roteiro ou história que os amarre, que os faça ter sentido que não em minha cabeça.
Sou um cineasta. E não me dei este título, nem banco de escola me forjou, nem tampouco experimentações... Fui sendo aos poucos, ainda garoto. E quando me vi numa profissão que não me pertencia, fui aos poucos colocado as coisas no lugar.

Quase que voltando as raízes, editei os tal filminhos e vou publicá-los aqui aos cacos.
É mais um crônica, que de uma jeito muito peculiar, vai fazer sentido para cada um de uma forma.




A ficha técnica é curtinha: edição, roteiro, câmera = eu.
Atores: eu, Ceinha e a Cidade de Colônia.
Auxílio Luxuoso: Jorge Drexler e suas "Salvapantallas".

É só clicar e boa viagem!
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O Gênio Ombudsman

O Gênio ombudsman


E o sujeito esfregou a lâmpada.
E de lá de dentro, num show pirotécnico de cores e explosões surgiu o Gênio.
- Meu amo e senhor, seu pedido é uma ordem... Mas olha lá o que vai pedir pra não se arrepender depois, porque não tô aqui pra isso! -
Sim, era um entidade geniosa, sem trocadilhos.
Na verdade já estava meio de saco cheio daquela profissão.
Afinal, há milhares de anos pediam a ele fama, fortuna, poder, a mulher do outro e ele acabou desenvolvendo um senso crítico aguçado do seu próprio trabalho.
Podemos dizer que era um gênio mais para exigente que para zangado.
Começou a ser irônico em resposta a pedidos mais comuns.
- Quero viver cercado de mulheres! – Pediu um, certa vez, antes de virar um escravo eunuco.
- Quero ser a imagem de um homem poderoso e temido! – e o cara virou um sósia de Bin Laden numa caverna no Afeganistão.
- Quer pedir? Pede direito! – Repetia genial em seu charmoso mau-humor.
- Ué? Mas não eram três pedidos? – perguntou um amo certa vez.
- É a crise! A globalização, a Internet, novos tempos... E vamos com isso!
O cmarada ainda estava intrigado com a saída do gênio da lâmpada. Guardava uma expressão de Monalisa fitando a aparição.
O Gênio fechou a cara.
- “Bora” rapaz! Desembucha!
O novo amo coçou a cabeça depois deu de ombros.
- Eu não quero é nada... – Virou de costas, jogou a lâmpada por cima do ombro e saiu caminhando.
O queixo do Gênio pendeu na vertical.
- Pêra lá rapá que isso não é assim não! – Deu uma voadinha rápida, deixando um rastro de fumaça mágica atrás de si, e ficou frente a frente com o sujeito mais uma vez.
- Que foi? – perguntou o amo ingrato sem paciência.
- Eu que pergunto o que foi... Você pode ter o que quiser e não quer nada?
- Ah, sei lá cara... Não sei o que pedir...
- Mulheres?
- Putz! Já tive cinco casamentos fora as amantes... Não, tô legal de mulher!
- Dinheiro?!
- As mulheres levaram o pouco que eu tinha... Se eu tiver mais, elas voltam e levam tudo... Não, tô fora.
- Poder? Todo mundo quer poder!
- Eu nãoooo! Alguém sempre quer matar o poderoso, fora o olho grande, os falsos amigos... Passo!
O sujeito saiu caminhando e o Gênio foi atrás.
- Ma-ma-mas...
- Não tem mas nem meio mas! Não quero, não posso, não devo...
- Não faz isso comigo.
E assim se passaram dias. Como dever do ofício o Gênio ficava ali, de cima para abaixo acompanhando o cara.
No banho, nas compras, na pelada de quinta, um problemão para entrar em bancos. Geralmente ele entrava e o Gênio ficava ali, preso na porta giratória e se estressando com o segurança.
- Já te disse que não tenho celular amigo! - argumentava.
- Tem que voltar atrás da linha amarela cidadão... - respondia o falso autoridade.
Vez por outra o gênio puxava assunto e o amo ignorava. Como se ele não existisse ou fosse só fruto da sua imaginação.
Aos comentários dos amigos sobre aquela alegoria flutuante a seu lado ele fazia graça:
- É só um encosto, um exú brabo que uma ex-mulher mandou grudar em mim... Apenas, ignore!
Hoje os dois podem ser visto em várias lugares diferentes da cidade.
Você mesmo já deve ter visto várias vezes.
Ou vai dizer que você nunca viu um gênio sem amo atrás de um homem sem desejos?
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