O Domingo Nosso de Cada Dia



Domingo é dia de descanso
É dia daqueles que passa manso
Domingo que cai na segunda
Que o tempo rende,  a hora abunda
Tem terça que Domingo é
Dia de cinema, beijo, andar a pé
A gente marca um domingo quarta, agora
no quarto, sem saber se existe vida lá fora
Domingo de quinta a gente emenda 
corpos largados ao sol, oferendas
esperando que a sexta que vier
nos traga um novo Domingo qualquer
Sábado é véspera de mais um domingo
Basta estar com você pra ser um dia lindo

Domingo na terra da garoa
a gente liga o ar e fica na boa...
A semana começa, muito menos vazia
Com Domingo Nosso de Cada Dia
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Sob a constelação de Coelho Neto


No trem que atravesso 
a cidade brilhante
mudam as estações, 
mas o frio é constante
quanto mais aproxima meu destino
mais vou ficando distante...

No trem que dilacera
a noite em milhões de diamantes
jovens bebem daquela besteira
entorpeço no teu cheiro embriagante
são sinais trocados, trocando direções
quanto mais sigo em frente

No vagão que recorta
o escuro dilacerante
os sorrisos são 
como estrelas decadentes vacilantes
que você vê daquele outro país
nesse momento, nesse mesmo instante

No trem que chega
onde eu quero finalmente
troca a próxima estação
o sol some por instantes
no escuro sinto meu corpo descer aqui
enquanto sabe que tem que ir adiante

O trem parte veloz
destroça o escuro flamejante 
dele sombras brotam, crescem, se espalham
nas cores do ciúme, naquele tom tocante
deito sobre os trilhos, que são como seu colo
ali espero pelo sono reconfortante


Sabendo que nada 
será simples como antes
Sabendo que tudo
é uma verdade vacilante
Sabendo que as estrelas 
em Coelho Neto
Nunca serão uma constelação 
que vai guiar um viajante


Sabendo que nada 
será simples como antes
Sabendo que tudo
talvez seja uma mentira fascinante
Sabendo sem ilusões que 
a poeira do choque de nossos planetas
nunca irá encobrir 
o que fizemos de marcante

Sabendo que as estrelas 
em Coelho Neto
Nunca darão uma constelação
de brilho fulminante
Sabendo que as estrelas 
em Coelho Neto
Nunca serão uma constelação 
das mais importantes... 
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Cumpleaños Solar



Dias de Paixão no Rio
que passam no seu sorriso
reflete aquele azul 
do nosso céu tão lindo

Dias de Paixão no cio
na cama sem local vazio
de um calor que deixa
o sol despeitado e frio

Dias de Paixão no paraíso
dormir na sombra do seu brilho
compreender e me espalhar
por seu paraíso

Saudade é aquilo que eu sentia
antes de saber que você existia
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CataVentos



Fragmentos
são pequenos
pedaços de
momentos

Lamentos
são nacos
de mágoa
ao vento

Tormentos 
são restos
raivosos em
cozimento

Ressentimentos
são cacos
pontiagudos de
sofrimento

Esquecimento
são raspas
do que foi 
seu senso

Ferimentos
são sobras
daquele amor
intenso

Catavento
seu riso
solto lá no
firmamento
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Na Ponta da Lingua



Beijo calado
tesão falado
diz tudo
que se quer
vem conversar
mulher

Nas línguas calam
o que as partes falam
no idioma
que se quer
vem bater papo
mulher
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Samba



Nela 
tudo posso
tudo passa
o passado
ultrapassa
as possibilidades
e tropeço
no seu passo
falsa passista
fixo pensamento
atropela na pressa
o passante

e penso
que ela expressa

o pulso
no compasso 

dela.
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Na brisa fresca da sua sombra


Descanso
sob sua sombra
árvore mulher
que me dá de comer
Planto em você
meu tronco forte
envergo e rego
seiva que aduba
teu rego
Essa brisa fresca
que vem dos
teus cabelos
vestidos de folhas
que outonam
pelo chão do
meu quintal
No balanço
daquele balanço
de sua fronte
aguardo o monte
de água morna
que de dentro
de ti mina
Minha sina
é você
árvore Mulher.
Desenho em ti
bem na sua casca
um coração
teu nome e o meu
e a jura eterna
de unir minha raiz
com a tua
árvore nua
que desnuda
sua flor mulher.
É ali que quero
viver e
morrer
virar adubo
fazer você crescer
e sentir na cara
a brisa fresca
da sua sombra.





Foto "Acerolas" Marton Olympio
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No Silêncio de Todas as Suas Coisas




































Silêncio das coisas que me toca
Silêncio que sai da sua boca 

E fala
Por nós



Silêncio que grita sua voz pouca
Silêncio da frase que sai rouca

E cala
Em nós

É no silêncio que você mora
É o silêncio que te leva embora

Na mala
Só nós




Foto Marton Olympio: O silêncio da moça olhando o mar.
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Fragmento nos





Fragmentos
mentem
quando me
remetem
a você

Lamentos
omitem
lentamente
teu amor
demente

Aparente
corrente
nos une
nesse tesão
indolente

Certamente
incoerente
é ser, estar
aprisionado
docemente

Flutuar assim
contente
inconsequente
nesse desejo
latente.
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Dia de Sol




A felicidade 
é uma rua
Por onde você passa
todo dia... 
Nua.


A tranquilidade
é você nua
brancura de fazer
inveja a
Lua










Foto: rua nua by Marton Olympio
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Azul, Magenta, Amarelo e o Cinza



O sol passou no meu quarto. 
Abriu as cortinas, 
me deu bom dia 
e perguntou se eu tinha fome. 
O sol bagunçou minha cama e 
disse que arrumava minha vida. 
O sol se foi e o dia nublou. 
Essa cidade tem disso
Estrela guia dos desejos
Cometa, comigo
faz minhas malas
me da sombra e colo
Essa cidade tem dessas



Me sinto 
são e sol
Sinto são 
ao sol
dissolvo
Pressinto 
são e salvo
Sinto o sal 
do meu sol
que sabe
tudo
azul do céu
magenta a boca
amarelo o sol
na cidade cinza
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Passatempo


E o homem olhou o tempo.
E o tempo todo olhava o homem.
E marcaram de se encontrar em minutos.
Levaram horas.
Sempre o homem atrasava ou o tempo passava rápido 
                                                                 demais.
O homem queria levar metade do tempo para tudo.
Neste meio tempo, não conseguia fazer 
                                                nada.
O homem que construía pontes,
dinheiro,
fama,
fortuna
reclamava o tempo todo.

Um dia o tempo desistiu.
E parou de passar.

E o homem nunca mais encontrou tempo para 
                                                         nada.


Foto: Passatempo by Marton Olympio
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As Cores Dela nas Paredes da Cabeça Dele


Ela entrou na cabeça dele para saber como era.
De onde ela o via, achava-o cheio de idéias, até um tanto quando misterioso e fascinante, mas queria saber se era só um truque, uma trama, uma armadilha ou algo realmente mais profundo.
Afinal, todos os homens são iguais. Pelo menos os que ela havia escolhido para si mesma até agora.
E foi ela escuridão adentro munida de sua luz própria e uma bússola usada, que teimava em apontar apenas para aquela direção que ela nunca seguia.
Achava que estava ali só passando tempo, queria saber o que acontecia naquele lugar e como por brincadeira seguiu mais fundo.
Curiosa como são as do sexo dela.
Vasculhou lembranças, riu de memorias engraçadas, teve ciúme daquele grande amor e ficou impressionada com a quantidade de livros, filmes, ideias e poemas por ali.
Alguns já prontos, outros por fazer e muitos que ela não entendia. Tudo espalhado.
Mal sabia que eram rascunhos ainda.
A criação esparrama tudo pela cabeça e quando se vê está ali jorrando e borrando a folha branca.
Lógico que por ali encontrou desejos, fantasias e sexo mundano.
Ela separou aquilo que gostava e o que não, fingiu não ser com ela.
Enfim, gostou do lugar e resolveu ficar. A revelia dele foi mudando os móveis de lugar, comprou plantas, varreu coisas que ela achava que não tinham mais serventia para ele para debaixo do tapete e pintou das cores de sua paixão todas as paredes.
Ele não entendia o que passava.
Seu raciocínio se perdia por ali em meio a nova mobília.
Seus pensamentos sempre esbarravam nela em meio aos lençóis e colchas da cama que ele sempre sonhou pros dois.
No meio daquela reunião ela passava só de toalha saída do banho, cabelos molhados, dentro da sua cabeça.
Ele jantando e ela de camisola se esparramava no sofá, ao lado daquela inspiração que surgia, comendo pipocas e vendo TV em alto volume, dentro da cabeça dele.
E ela dava risadas e contava a mesma piada, aquele riso gostoso que só ela tem, no meio da noite dentro da cabeça dele.
Acordava rindo.
E as vezes ela saia com pressa, atrasada, deixando coisas por fazer, louças para mais tarde, a cama por arrumar, a toalha ainda úmida no chão e aquele perfume só dela no ar, dentro da cabeça dele.
E ele só pensava assim:
- Como essa mulher bagunça minha cabeça.  



#Foto: No corredor das Escolhas by Marton Olympio
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Teu Jogo



Monto você
quebra cabeças
parte por parte
encaixo você
cada pedaço
corpo, tronco, 
membro
A, B, C
Colo os cacos
Neles me espalho
Quebro a cabeça
Coleciono
Figurinha difícil
Repetida
Vezes
Lego, logo
encaixe perfeito
Quebro a cuca
Parte e me parte
Escrevo você
Caço as palavras
Pernas cruzadas
Forca
Monto você
E faço teu jogo
Aposto que 
me ganha. 
E fica faltando 
uma peça
uma pista 
um pedaço


Quebro a cara


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Caixa Preta


Quem cala o desejo, 
morre num caco de lampejo
falece como gota no azulejo

Quem castra a vontade
envelhece em rugas sua mocidade
enterra no lixo a saciedade


arreganha teu pacote
tudo que foi te dado
escancara sua caixa
o que é nosso tá guardado

Quem cala sua sede
nem prova da taça que bebe 
vive apenas o tempo que perde

Quem não cultiva o vício
Morre engatinhando no princípio
Não curte a queda só o fim do precipício

rasgo teus pacotes
tudo que foi me dado
me entranho em sua caixa
o que é nosso tá guardado







Caixa preta
Caixa de pandora  Encaixa certa
Caixa que adora





Foto: Náufrago - by Marton Olympio
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Os cílios postiços dos postes da avenida





A noite todos os gato são e salvos
Nadam pra nada.

A noite todos os gatos são pássaros
Devoram-se na madrugada.

A noite todos os gatos são alvos
Claros de acertar.

A noite todos os gatos são fartos
Entediados em todo lugar.

A noite todos os gatos são santos
Vidas pra gastar.

A noite todos os gatos são pares
Dois, por vezes três.

A noite todos os gatos não são de fato
E usam ratos como dublê...

A noite todos os gastos são caros
Você paga pra ver.

A noite todos os fatos são claros
Nas telas das Tvs.

A noite todos os atos são opacos
Difícil dizer por que.


A noite todos os gatos são gatos
Muito bem disfarçados.





Foto: Infância no Lixo - Marton Olympio
Pra ouvir: http://vocaroo.com/i/s0FtK88PgaT5





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Sonha-me





Meu sonho voa alto lá pro sétimo andar
Meu sonho fala alto que é pra te acordar
Se por acaso o sonho é falso
Verdadeiro é o fato dele te sonhar


Sonha-me se é possível
Se tem coragem de me conjugar
Abre teu verbo novo de boca larga
E beija o desejo torpe que imaginar



Meu sonho te acorda pra ele dormir

Meu sonho é de acordo com o que sair

Se por ventura o sonho é tolo
Sabido é o fato dele caber no teu fingir



Sonho-me o teu desejo

Covarde que se esconde em todo lugar

Sem rosto, carne ou a boca que conseguir
E beija a vontade louca de todo par



A par do seu sonho

O par de seu sonho

que é sonho de par
Dois é melhor de sonhar




Para ouvir: http://vocaroo.com/i/s0EfkrHzzWkt
Foto: Gaivota de papel de Marton Olympio

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